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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cai a farsa - Mentiras em sites religiosos


 A MENTIRA
1) “E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Marcos 16.18). “Tu és Pedro” (“petros”, palavra grega designativa de pequenos blocos rochosos, fragmentos de rocha, pedras pequenas, pedras de arremesso). “Sobre esta pedra (“petra”, rocha grande e firme). Logo, a Igreja seria firmada sobre a Rocha. Jesus é a “petra”, a Rocha sobre a qual Sua Igreja está edificada (Daniel 2.34; Efésios 2.20; Atos 4.11; Romanos 9.33; 1 Coríntios 10.4; 1 Pedro 2.4). Se a Igreja é o corpo de Cristo, Pedro não poderia ser o cabeça da Igreja. A cabeça desse corpo é o Senhor Jesus (Efésios 1.22-23; Colossenses 1.18).

ONDE SE ENCONTRA A MENTIRA
http://www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/responde/ecl001.htm
A VERDADE:
A tempestade de argumentos é uma técnica muito usual em um proceder proseletista ou quando se tem receio de que a resposta a uma questão possa tornar uma tese inválida. Assim, sobrecarrega-se o número de questões de forma que quem responda possa cometer algum equívoco ou esquecer de algum ponto, não concedendo a devida atenção a algum detalhe crucial que possa comprometer a dissertação.
Sendo assim, concentrar-me-ei na primeira questão, aquela de Petros e Petra. A argumentação protestante clássica é a diferença de sentido existente entre o nome próprio Petros e o substantivo petra. Parece até um “auto-reply”, uma resposta automática, repetida seguidamente.
Descendo ao âmago da questão, diz-se que “Petros” significa “pequena pedra” e “petra” quer dizer rocha. Podemos refutar isso de diversas maneiras. Uma delas é dar o próprio veredicto de falsidade ao argumento, posto que petra e petros no “grego koiné”, ou seja, o grego comum falado na época (primeiro século) eram sinônimos. O termo mais próprio para “pequena pedra” na época de Cristo seria “lithos”, que é usado na passagem em que Jesus é tentado a transformar as “pedras” em pão.
Secundariamente, admitindo-se que a afirmativa seja verdadeira, podemos ainda remontar ao aramaico. Sim, ao aramaico, pois como um bom estudioso do assunto deve saber, o evangelho de São Mateus tem a singularidade de ter sido escrito em aramaico. Além disso, a língua falada pelos judeus ao redor de Jesus (e pelo próprio) era o aramaico. Nesse caso, o sentido é claro e só há uma palavra. Kepha e kepha. Sabemos disso também porque São Paulo usa o termo adaptado ao grego “Cefas”.

E uma outra forma é a incoerência do texto ao analisarmos cuidadosamente a passagem atribuindo o sentido protestante. Adaptando-se, ficaria mais ou menos assim: “Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne ou o sangue que revelaram isso a ti, mas o meu Pai, que está nos céus. Por isso eu te digo, Tu és uma “pequena Pedra”, mas sobre a grande rocha que sou eu edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus e tudo o que ligares o será e vice-versa”. Vamos lá, queridos. Façamos uma reflexão sobre a coesão de tal trecho. Simão é bem-aventurado. Por isso, Jesus edifica a Igreja sobre Si mesmo e dá as chaves a Pedro, que é Simão com o nome já alterado (sem qualquer razão muito plausível).
Por fim, a questão é óbvia. Todo ser humano é capaz de entender o texto usando de sua inteligência, sem “forçar” a interpretação, sem insultar a sabedoria humana que Deus nos deu.
Acredito que esteja claro que o Primado foi conferido pelo próprio Jesus a Pedro.
Quanto ao restante das questões, quando a Igreja proclama um dogma não faz alteração da Doutrina. Na verdade, Ela reconhece o que sempre existiu, mas que se compreendeu mais tardiamente.
Não precisamos que algo esteja na bíblia para que este algo seja validado ou não. Convém que não se esqueça de que a Bíblia é filha da Igreja, e não sua mãe, posto que foi a própria Igreja quem definiu seu cânon (até onde eu e os exegetas sabemos, não há desde a primeira página de Gênesis até a última de Apocalipse nenhuma definição de cânon bíblico). A Bíblia é sagrada porque a Igreja a declarou assim e a canonizou desta forma. E de fato, as milhares de denominações protestantes são criações de homens. Desde Lutero, Zwinglio, Calvino e afins, elas não param de se proliferar, sobre os nomes mais absurdos. Tem um tópico aqui, se não me engano, com os nomes bem criativos destas seitas.
O ‘nome’ “católico Apostólico Romano” não é um nome, é uma definição. Somos católicos porque nossa Igreja é universal (o primeiro uso desta definição foi dado no início do séc. II por Santo Inácio de Antioquia, se não me engano), ou seja, estende a salvação para todos por Cristo. É Apostólica porque sua liderança descende de forma direta dos apostólicos, de modo contínuo, ininterrupto. E diz-se romana, porque sua sede encontra-se em Roma, onde o Apostolo São Pedro, tendo sido bispo daquela Igreja, foi o primeiro chefe. Quanto à acusação à igreja de Roma, é um belo absurdo!
O Texto de Mateus é claro como a mais branca neve. Jesus fala diretamente a Pedro.. “tu és Pedro” , “eu te darei as chaves do Reino dos Céus”, “tudo que ligares”, “tudo que desligares”. De fato, não atribuir a Pedro o título de “pedra” é tornar turva a interpretação real deste texto. Isso sem contar que em Aramaico, língua que Jesus falava, o nome Pedro simplesmente não existe! Pedro era chamado de “pedra”. Em outras palavras, em Aramaico Pedro=Pedra, e o nome correspondente em aramaico é “Kepha” (no filme ‘A Paixão de Cristo’ se pode ver que é assim mesmo que Jesus e os outros chamam Pedro). Somente no grego esta diferença entre Pedro e Pedra passou a existir, e no Latim, e assim por diante.

 Cônego José Luiz Villac 





Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los?
-- Por que hoje em dia não se batiza mais por imersão, como São João batizava e como Cristo foi batizado?
Resposta: No que se refere à validade do Batismo das crianças, já respondemos a essa questão na última edição de Catolicismo.
Quanto ao Batismo ministrado por São João Batista, ao qual também se submeteu Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda não era o Sacramento do Batismo, tal como o conhecemos hoje, e que foi instituído pelo mesmo Nosso Senhor algum tempo depois de ter sido batizado por São João.
O Batismo de João era um rito penitencial, preparatório e prefigurativo do verdadeiro Batismo. O próprio Batista é explícito quanto a esse ponto: "Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas Aquele que virá depois de mim .... vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (São Mateus 3,11; São Marcos 1,8; São Lucas 3,16).
E os Apóstolos, depois de Pentecostes, batizavam todos os convertidos, sem perguntar se já haviam recebido o Batismo de João (Atos 2,38), o que não fariam se fosse o mesmo Batismo.
Seja como for, embora se possa deduzir que o Batismo de João tivesse sido por imersão, este fato não torna obrigatório que fosse realizado sempre dessa maneira o Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tampouco está afirmado no Novo Testamento que os Apóstolos e os discípulos batizavam sempre por imersão.
Pelo que, se alguém quiser encontrar esse dado na Bíblia (como pretendem tê-lo feito os protestantes), de fato, em vão o procurará.
Já é mais difícil admitir que as três mil pessoas batizadas pelos Apóstolos no dia de Pentecostes (Atos 2,41), o tenham sido todas por imersão, parecendo mais plausível a administração do Sacramento mediante aspersão.
É ainda menos provável, dadas as circunstâncias de tempo e lugar, ter sido por imersão o Batismo noturno conferido por São Paulo, na prisão, ao carcereiro da cidade de Filipos e a toda sua família (Atos 16,33), podendo supor-se que tenha sido, com maior probabilidade, por infusão. O próprio Batismo de São Paulo por Ananias, na casa de um certo Judas (Atos 9,18; 22,16), é difícil imaginar que tenha sido por imersão.
Pelos testemunhos da Tradição (que os protestantes não aceitam, e com isso ficam muitas vezes sem saída), sabe-se que os três modos -- por infusão, imersão ou aspersão -- eram empregados na Igreja primitiva, de acordo com as circunstâncias.
Vejamos o que a tal respeito diz a Didaqué, também conhecida como Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos aos gentios ou, simplesmente, Doutrina dos Apóstolos. É um escrito que data de fins do século 1º de nossa era; portanto, bem próximo aos livros do Novo Testamento. Trata-se do mais antigo manual de religião ou catecismo da comunidade cristã primeva de que se tem conhecimento.
Ali se ensina a respeito do modo de batizar: "Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". (Didaqué, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
Como se vê, já no século 1º -- ou seja, quando ainda viviam muitos dos discípulos dos Apóstolos -- praticava-se o Batismo também por infusão, isto é, derramando água sobre a cabeça do neófito.
É certo que o rito da imersão era comum na Antiguidade, conforme se pode constatar pelos documentos da época e pelos próprios batistérios, construídos precisamente para tal fim. Porém não era exclusivo, sendo praticados também os outros ritos.
Aos poucos, na Igreja latina, o Batismo por infusão foi-se generalizando, por razões diversas, entre as quais a decência, pois a prática da imersão estava sujeita a abusos, sobretudo em relação às mulheres. Outra razão era a dignidade do próprio Sacramento, pois nem sempre era possível praticar a imersão sem os inconvenientes do prosaísmo inerente a ela (basta ver o caso de certas seitas protestantes que batizam em rios, lagoas ou mesmo piscinas).
No Oriente, entre os católicos, o Batismo por imersão continuou a prevalecer até nossos dias.
Quanto à aspersão, embora em teoria seja válido o Batismo assim conferido, e conste que tenha sido empregada, nunca chegou a ser uma prática generalizada na Igreja. Isto pelo risco de que a água lançada com as mãos, com o hissopo ou com ramos não atinja o corpo das pessoas e escorra por ele, mas apenas lhes molhe as roupas, o que tornaria inválido o Sacramento.
Pois, como explicamos em número anterior desta revista, o rito do Batismo consiste numa ablução externa do corpo com água, sob a invocação expressa das pessoas da Santíssima Trindade. A palavra ablução significa o ato de lavar. Assim, o Batismo, simbolicamente, lava a pessoa, limpa-a, purifica-a.
Portanto, o essencial é que a água realmente toque o corpo da pessoa e escorra por ele, como acontece quando alguém é lavado. E isto se obtém por qualquer dos três modos praticados: infusão, imersão ou aspersão, embora esta tenha os inconvenientes acima apontados.
Em outras palavras, o Batismo por infusão já era conhecido e praticado desde os primeiros séculos, sendo feito desse modo, conforme as necessidades das circunstâncias, o que sucedia com bastante freqüência. Pois como se podia imergir inteiramente na água um pobre homem doente, quiçá prestes a morrer? De que maneira um mártir, mantido em uma estreita prisão, teria podido achar água suficiente para imergir seus guardas, ou seu carcereiro, que se convertiam ao ver seus milagres ou ao contemplar sua capacidade de sofrer e valor?...
Em conclusão: a Bíblia geralmente não descreve o modo como batizavam os Apóstolos e os discípulos. E também não diz que o modo era sempre o mesmo. Podem fazer-se apenas conjecturas a partir do texto sagrado; porém, não é válido qualquer coisa com toda a certeza, a respeito do assunto. Pelo testemunho da Tradição, sabe-se que na Igreja primitiva, conforme o ensinamento dos Apóstolos, usavam-se as três formas acima referidas (infusão, imersão e aspersão).
Assim, carece de fundamento a objeção de certos protestantes (como os Batistas), que negam validade ao Batismo que não seja por imersão.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Verbo era Deus - Erro das Testemunhas de Jeová


Já aconteceu comigo algumas vezes: membros do grupo Testemunhas de Jeová batem à minha porta para pregar A Sentinela e ler passagens da sua pastiche¹ da Bíblia - e, dentre tantas passagens modificadas deliberadamente, a que mais chama atenção é, sem dúvida, João 1,1. Por esta razão, segue uma análise didática sobre a tradução deste trecho a fins de demonstração. 

Neste artigo, discutiremos a tradução de João 1,1 em contrapartida com a tradução/explicação da denominação soi-disant cristã Testemunhas de Jeová. A partir do grego, demonstraremos ao leitor, passo a passo, a maneira correta de traduzir esta passagem bíblica. A maioria das bíblias [traduções católicas e protestantes] traz:

“No princípio era o Verbo
E o verbo estava com Deus
E o verbo era Deus

João 1,1 é uma das muitas passagens da Bíblia que afirmam a divindade de Jesus Cristo, razão pela qual é foco de interesse das doutrinas que tentam negar esta verdade – e as Testemunhas de Jeová assim negam; são notadamente conhecidas por serem uma das seitas que defendem que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Arcanjo Miguel ². Como esta última heresia nos exigiria para muito além de traduções e interpretações, mas representa propriamente o que São João escreveu na segunda epístola, versículo 7, nos restringiremos apenas ao que anunciamos no primeiro parágrafo.
Testemunhas de Jeová

As Testemunhas de Jeová utilizam a chamada Tradução do Novo Mundo para a Bíblia, que supostamente teria sido feita a partir dos originais hebraico, aramaico e grego, mas que acabou condenada por todos os estudiosos das línguas citadas. Charles Russell, responsável pela corrupção do texto, conseguiu a façanha de ser levado a julgamento e não conseguir identificar as letras do alfabeto grego, como consta no processo. Na Tradução do Novo Mundo lê-se, onde destacamos em negrito anteriormente:

“E o Verbo era [um] Deus”

A palavra “um” é inserida antes de Deus, de modo que o Verbo Encarnado [João 1,14] não era o próprio Deus, mas “um” Deus. Ora, vejamos que artimanha a seita utiliza como explicação para isto, de acordo com os originais gregos. [As palavras em grego serão transcritas aqui em caracteres latinos, sem os “acentos”, para facilitar o entendimento]
Em Grego, João 1,1:

“En arche en o logos
Kai o logos em pros tos Theon
Kai o logos en Theos”

Em negrito, temos a passagem em Grego que nos interessa neste momento, e que foi traduzida pelas Testemunhas de Jeová como “E o verbo era [um] Deus”. Vejamos:

Em grego, não existe artigo indefinido [um, uma]. Quando a palavra não apresenta o artigo [definido], e quando o contexto e as regras exigem, a tradução acrescenta o artigo indefinido na frente. Veja o exemplo nas frases abaixo:
“Ego eimi e phone”
[Presença do artigo em negrito: “Eu sou a voz”]
“Ego eimi phone”
[Ausência de artigo: “Eu sou uma voz”]

Desse modo, a Tradução do Novo Mundo nos dá a explicação que, de acordo com esta regra gramatical grega, o correto seria acrescentar o artigo indefinido “um” antes de Deus na passagem “Kai o logos en Theos”, uma vez que antes de “Theos” não viria o artigo definido – e que da mesma forma como ocorre em outras passagens do Novo Testamento, em que os diversos tradutores utilizam esta regra, da mesma forma em João 1,1 esta regra pode ser aplicada. Mas será que isso é verdade? Vejamos:
“Kai o logos en Theos”

Em grego, quando o sujeito e o predicativo do sujeito são constituídos por substantivos, deve-se observar a regra de que o sujeito [Logos/Verbo] é acompanhado de artigo definido, enquanto o predicativo do sujeito [Theos/Deus] não é. Desta forma, Theos não deve vir com o artigo. Na língua grega, a posição dos termos de uma oração varia, e não necessariamente determinará a função gramatical da palavra, uma vez que as funções gramaticais são identificadas pelos chamados “casos” - onde uma mesma palavra terá sua grafia modificada de acordo com a função que desempenha na oração. Este exemplo pode também ser visto em João 1,1: “pros tos Theon” e “logos en Theos”, onde os leigos em latim, alemão, grego ou afins, podem observar como isso funciona. Tomemos a seguinte frase:
Kai Theos en o logos”

Esta frase, embora traga “Theos” na frente, significa a mesma coisa que “Kai o logos en Theos”. A primeira vista, poderíamos traduzi-la por “E Deus era o Verbo”, mas isto não estaria correto. Muitas frases em grego trazem diferentes “arrumações” de seus termos [assim como em latim], e, no entanto, na hora de traduzir para uma língua, como para o português, teríamos o mesmo significado. “Kai Theos en o logos”, então, significa “E o Verbo era Deus”. No caso de “Kai o logos en Theos” ou “Kai Theos en o Logos”, o que nos permite saber “quem era o quê” é justamente a presença do artigo [neste caso, “o”] antes do sujeito. Há ainda outra possibilidade de escrever esta mesma frase, em grego, sem que nenhum dos termos venha precedido de artigo. No caso das frases nominais cujo sujeito e predicativo do sujeito sejam substantivos, e nenhum deles esteja acompanhado de artigo, o predicativo do sujeito deve vir em primeiro lugar na frase:
“Kai Theos en logos”

Igualmente, temos o significado de que “O verbo era Deus”. Poderíamos ainda escrever:

“Kai Theos Logos.”

Nesta última, não temos o artigo e não temos também o verbo [“en”] de ligação explícito. O significado, no entanto, se mantém: “O verbo era Deus”.

Dessa forma, fica bastante evidente que a tradução de João 1,1 imposta pelas Testemunhas de Jeová, e por extensão á toda a Bíblia, é imoral, inaceitável, criminosa. Não tem qualquer fundamento. Há exemplos de imoralidades como essa em praticamente todos os versículos da Tradução do Novo Mundo, mas a passagem escolhida aqui é a mais gritante. Há inúmeras explicações disponíveis sobre esta passagem, e na verdade muito melhores do que esta, porém a elaborei pensando que poderiam servir aos leigos de nível 1, ao contrário das explicações que encontrei, que ou serviam aos leigos de nível 2 ou 3 ( regras gramaticais gregas pouco mastigadas) ou eram feitas por pessoas que apenas tinham compilado informações. Há explicações excelentes nos livros (algumas pessoas se deram a esse trabalho, ainda bem). Deduzimos ainda que:

- Se João desejasse escrever que o Verbo não era Deus [se ignorarmos todo o resto da bíblia que afirma que o Verbo era] e quisesse, como alegam as Testemunhas, atribuir ao Verbo uma qualidade divina, ele teria usado o adjetivo Theios.

- Afirmar que existe mais de um Deus é politeísmo.
Uma objeção: Russel morreu em 1916. A Tradução do Novo Mundo foi feita na década de 1950. O que ele tem haver com a corrupção do texto?
De fato Russel morreu em 1916, e embora a "conclusão" da chamada Tradução do Novo mundo [coloco entre aspas, já que a essa altura sabemos que não houve tradução alguma] tenha sido anunciada oficialmente por volta de 1950, é sabido que Charles Russel, com o intuito de propagar as suas próprias ídéias sobre a Sagrada Escritura (e reinvidicando conhecimento da língua grega), pregava para os membros das Testemunhas de Jeová, tanto em cultos, como em publicações (a antiga revista Torre de Vigia e versões "corrigidas" dos evangelhos), essas novas versões. De que forma ele fazia isso? Ora, de má fé e mentindo, dizia ele que todas as traduções existentes até então eram obras falsas do verdadeiro conteúdo dos evangelhos,de maneira que ele próprio tendo profundo conhecimento da língua grega era capaz de corrigir para seus fiéis - e finalmente lhes oferecer o sentido correto daquelas passagens. Isto significa, por exemplo, que quando São João Evangelista fala da "glória do Filho unigênito", este deturpador dizia que não era do Filho unigênito, mas "a glória COMO SE FOSSE DE um filho unigênito".
A atitute de Russel chamou tanta atenção que até mesmo um reverendo da Igreja Batista do Canadá, se eu não me engano, publicou uma espécie de informativo intitulado "Algumas verdades sobre o Pastor Charles Russel", onde dizia que Russel não tinha qualquer conhecimento da língua grega, e que por isso não podia falar o que dizia.
Decorre desse fato o que mencionei mais acima, uma vez que Russel, indignado com a publicação, processou o reverendo por calúnia. No tribunal, quem acabou condenado foi ele, que não foi capaz de identificar o alfabeto grego.
Como mentor das principais heresias das TJ, Russel é, de fato, o responsável pela Tradução do Novo Mundo e pela deturpação do texto, uma vez que tudo o que fora modificado ali, o foi unicamente para atender às deturpações de seus ensinamentos: tudo aquilo que, em vida, ele afirmava.
Ora, por mais razões ainda é lícito chamá-lo de responsável pela injúria:
Primeiro: porque não houve qualquer tradução; é simplesmente absurdo localizar no espaço e no tempo, como você fez no comentário, uma coisa que nem sequer existiu. A chamada Tradução do Novo Mundo é uma mentira, uma alucinação, nunca aconteceu.
Segundo: o comitê inexistente da tradução inexistente não divulgou nomes dos responsáveis pela tradução. Isso é redundante, uma vez que não se pode divulgar nomes de fantasmas, mas acrescentemos a isso o fato de que ´nenhum dos membros poderia ser levado novamente a Julgamento (como tantos outros, como F.W. Franz, suposto especialista em hebraico, foi levado), mesmo que aceitassem mentir, colocando seus nomes lá, como especialistas. Tudo o que foi feito se resume à uma paráfrase patética, com todo tipo de absurdo, para se adequar às heresias da Seita, junto com algumas explicações risíveis sobre o Grego Antigo - explicações que deixam qualquer estudioso de grego, do nível mais elementar, indignado.
Espero ter esclarecido a dúvida sobre o verdadeiro responsável pelo pastiche da Bíblia publicada pela seita Testemunhas de Jeová.
___________________________
Notas
¹ Em literatura, "Pastiche" é uma obra que imita de maneira grosseira o estilo de outra; baseado numa obra já existente, o Pastiche difere na paródia no sentido em que o seu resultado final não beira ao plágio, mas produz um sentido original.
² Afirmar que Jesus Cristo é o Arcanjo Miguel é completamente absurdo; como todas as passagens da Bíblia negam isso, sugerimos ao leitor que abra aleatoriamente a Bíblia em qualquer página e veja por si mesmo.
(*) Luciana Lachance é estudante de letras da UFBA e autora do blog As Chamas do Lar Católico.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O Antigo Testamento

Os Dez Mandamentos

Foi no seio do povo hebreu que nasceu a Bíblia (A.T.) Os textos bíblicos do Antigo Testamento começaram a ser escritos a partir do século IX a. C. No decorrer dos séculos foi-se formando a biblioteca sagrada de Israel, sem que os judeus se preocupassem com a catalogação das mesmas. E o último livro a ser escrito foi Sabedoria (50 aC). Os autores sagrados (os hagiógrafos) viveram em lugares e ambientes muito diversos: cada um imprime na sua obra traços característicos de sua personalidade. Mas como eles escreveram sob a inspiração do Espírito Santo, é Deus o Autor principal de toda a Bíblia.



Só depois do Exílio (538 aC) é que se escreveu definitivamente o Antigo Testamento. Nessa época é que o Antigo Testamento adquiriu toda a sua autoridade. Ele se tornou o eixo de um sistema social e religioso - o judaísmo. O Antigo Testamento era como a carteira de identidade do povo de Israel.

Os judeus foram ajuntando no decorrer de sua história e coleção dos livros do Antigo Testamento e dividiram-na em 3 partes:

A Lei Torá - contendo os 5 livros: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Formam o núcleo fundamental da Bíblia.
Os Profetas - os judeus compreendiam por esse título os livros que hoje são denominados proféticos e históricos.
Os Escritos - os judeus designavam por este nome os livros: Salmos, Provérbios, Jó, Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras e Neemias, Crônicas.
No segundo século antes da nossa era, esta coleção já estava terminada (séc. II aC).

Nessa época (entre 250 e 100aC), os judeus estavam, em parte, dispersos pelo mundo afora (diáspora - emigração e dispersão dos judeus para outros países). Quando os judeus começaram a emigrar para outros países, levaram consigo a Bíblia. Se fixou, um grupo de judeus, em Alexandria (Egito), onde se falava grego e lá constituíram uma colônia. Adotaram a língua grega e tiveram a necessidade de traduzir a Bíblia do hebraico para o grego. Conta a Tradição que o rei Ptolomeu II (Alexandria) querendo possuir na sua biblioteca um exemplar grego dos livros sagrados dos judeus, pediu ao sumo sacerdote Eleázaro de Jerusalém os tradutores. Eleázaro enviou seis sábios de cada uma das doze tribos de Israel (72 sábios) para Alexandria. Estes ficaram em 72 cubículos individuais e no final os 72 textos gregos do Antigo Testamento estavam idênticos. Consideraram um milagre! Ficou sendo conhecida como a TRADUÇÃO DOS SETENTA ou tradução Alexandrina.

Alguns escritos recentes lhe foram acrescentados sem que os judeus de Jerusalém os reconhecessem como inspirados: Tobias e Judite, Daniel e Ester (parte), Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Jeremias. A Igreja Cristã admitiu-os como inspirados da mesma forma que os outros livros. Desse modo a Bíblia grega (tradução dos setenta hebraico-grego) tem 7 livros a mais do que a Bíblia hebraica (original).

Os judeus de Jerusalém não reconheceram os 7 livros como verdadeiros porque eles afirmam que:
- Só podem ser escritos dentro de Israel
- Só podem ser escritos em hebraico
- Só podem ser escritos antes de Esdras

Obs: No ano 100 dC os rabinos se reuniram no sínodo de Jâmnia para estipular esses critérios.

Foi a tradução apostólica que levou a Igreja a decidir quais os escritos que deviam ser contados na lista dos livros sagrados. Esta lista é chamada de: Cânon das Escrituras.
Cânon - Karon (grego) = Catálogo
Canônico - Livro catalogado
- Os livros escritos dentro do seio da comunidade dos judeus, são chamados: PROTOCANÔNICOS (Catalogados em primeiro lugar)
- Os sete livros acrescentados em grego são chamados: DEUTOROCANÔNICOS (Catalogados em segundo lugar).
O Cânon Católico compreende 46 livros do Antigo Testamento.

A Comunidade é um Dom de Deus


Nossa Senhora

A Comunidade é um Dom de Deus. Não existe vida comunitária se não existirem corações orantes, se não existirem homens e mulheres de vida de oração. Podemos buscar os subsídios para falar de oração na própria vida de Jesus.


Jesus continuamente tirava largos tempos da sua vida para estar diante do Pai, para escutar a vontade do Pai, para estar na companhia do Pai. Quando examinamos o Evangelho e, principalmente, o Evangelho de São Lucas, nós vamos ver uma inversão da imagem que geralmente nós temos de Jesus. A imagem que geralmente nós temos de Jesus é como aquele que age, que faz. Porém, no Evangelho de Lucas nós vamos ver que Jesus continuamente está buscando o Pai em oração, e continuamente está mergulhado na oração é que realiza a vontade do Pai, e faz muitas coisas. Jesus ora, e por isso, faz. Ele busca continuamente a vontade do Pai em oração, e por isto põe em prática a vontade do Pai.

Quando fazemos uma leitura atenta do Evangelho, percebemos mais um Jesus contemplativo, um Jesus orante, que justamente porque contemplava e orava realizava a vontade do Pai e fazia muitas coisas, do que um Jesus que fazia muitas coisas e também rezava.

Se nós formos fazer uma leitura atenta do Evangelho, vamos ver que Jesus dava primazia à oração. Grande parte do seu tempo, era dedicado ao encontro com o Pai e, por causa disso, transbordava a sua vida, e que porque orava, fazia muitas coisas e realizava a vontade do Pai no meio dos homens e no mundo. Devemos aprender com Jesus a ser homens e mulheres orantes, e aprender a rezar com Jesus.

No Evangelho de Lucas 3,21-22, temos que: "Ora, ao ser batizado todo o povo. Jesus também ele rezava. Então, o céu se abriu, o Espírito Santo desceu sobre Ele sob uma aparência corporal como uma pomba e uma voz veio do céu: "Tu és o Meu Filho, eu hoje te gerei". Essa passagem abre a vida pública de Jesus, marca o início da sua missão. Jesus vai em busca de João Batista, porque " É necessário que se cumpram as Escrituras".

Quando ouvimos falar do Batismo de Jesus geralmente imaginamos João Batista derramando a água sobre a cabeça de Jesus para em seguida o Espírito Santo vir do céu, como se João Batista atraísse esta manifestação na vida de Jesus. Mas o ato que abre o céu é a oração de Jesus. Por esta razão é que o Espírito Santo vem sobre Ele e a voz do Pai: " Este é meu filho amado, sobre ele, eu coloco toda a minha afeição".

O Espírito Santo só vem sobre nós e a voz do Pai ressoa em nosso coração pela oração. É a oração de Jesus que atrai o Espírito Santo e abre os nossos ouvidos para ouvir a voz do Pai. É o próprio Jesus que nos ensina! Só orando nele, por Ele e com Ele que podemos atrair o Espírito Santo.

Não pode haver vida cristã sem o Espírito Santo, não podemos ser transformados ou conformados a Cristo sem o Espírito. O Espírito Santo não atuará em sua vida se não for por meio da oração, ela nos faz usufruir do poder que existe nos Sacramentos.

Os Sacramentos continuam eficazes por si mesmos, mas não são frutuosos se não usufruímos da graça que nós recebemos. É a oração que nos faz usufruir das graças da abertura do céu. É a oração que faz com que nós sejamos cheios do Espírito Santo. Jesus antes de começar a sua missão, antes de fazer qualquer coisa, orou, suplicou, foi para diante do Pai. Ao orar, o céu se abriu e foi ungido pelo Espírito Santo para realizar a Sua missão. Também nós, não seremos nada, não faremos nada, se isso tudo não for gerado dentro de nós pela oração. Por isso, nossa ação será infrutífera, nossa vida não será transformada e as graças que nós recebemos pelos sacramentos não serão frutuosas em nós se não rogarmos, se não sedimentarmos pela vida de oração, não podemos ser verdadeiramente cristãos.

Nós não seremos ungidos para pregar, para agir, para viver o nosso dia a dia, porque nós não ouviremos e nem faremos a vontade do Pai. Por isso, Jesus nos dá esse grande e primeiro ensino.

Se o céu está fechado na sua vida irmão, é porque você não está orando, não está se colocando de joelhos diariamente diante de Deus, ainda não deixou que Deus fizesse de você um homem ou uma mulher de oração. A oração atrai o Espírito Santo! Se você não se sente cheio e pleno do Espírito, se você não percebe que Ele é o condutor da sua vida, é porque falta a oração. A oração atrai o Espírito Santo, faz com que Ele venha nos envolver e nos conduzir, nos dirigindo e nos fazendo viver a vida no Espírito. Se você não consegue escutar a vontade do Pai para a sua vida, se você não sabe discerni-la, é porque falta a oração. É pela oração que a voz de Deus se manifesta na nossa vida.

Eu convido agora você a fechar os olhos por um momento e silenciar diante da presença de Deus, diante do Espírito Santo que habita no seu coração, pedindo que venha ser a força do Alto que retira você de si mesmo e lhe remete para Deus e para os seus irmãos. Foi para isso que você foi criado: para o outro. Peça ao Espírito Santo que venha sobre você.

Ele é o filho de Deus, e, mesmo assim, precisou orar. Dedicou um largo tempo à oração. Talvez você possa até questionar: “Eu não preciso rezar, pois a minha vida já é uma vida de oração”. Desculpe! Tal atitude pode ser considerada como hipocrisia e mentira. Desculpe, mas essa é a única verdade! A sua vida precisa ser uma vida de oração. Sua vida só pode ser uma vida de oração se você tiver oração dentro da sua vida, senão, ela não será, verdadeiramente, uma vida de oração. Ainda assim, você pode levantar a questão: “Mas eu já sou ocupado demais”. Ninguém é ocupado demais para não dar tempo para Deus.

Madre Teresa de Calcutá e suas irmãzinhas tinham duas horas de oração diária. Além disso, precisavam cuidar de muitos doentes. Tinham milhares e milhares de pessoas moribundas, das mais pobres, além de hospitais enormes onde não havia nenhum funcionário. Elas cuidavam de tudo como voluntárias. Certa vez, chamaram a Madre e disseram: “Madre, o trabalho é muito, não está dando para a gente ter duas horas de oração”. Madre Teresa olhou para elas e disse: “O trabalho está demais. Não vamos rezar só duas horas não, vamos rezar quatro. Porque se não estão dando conta do trabalho, é porque vocês estão rezando pouco. Porque, quando oramos verdadeiramente, a graça de Deus faz multiplicar a nossa ação. Realizamos muito mais, porque realizamos pelo poder de Deus”. A partir daquele tempo, as irmãzinhas não rezaram mais só duas horas, mas rezaram quatro horas por dia e tudo deu tranqüilamente. Elas se tornaram muito mais capazes.

Podemos examinar ainda outra passagem: Lc 4, 1-2.
“Jesus, repleto do Espírito Santo, voltou do Jordão e estava no deserto conduzido pelo Espírito, durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo”.

Alguém indo para o deserto ou subindo a montanha, significa alguém que procura a oração. Na Sagrada Escritura, o deserto é um lugar de encontro com Deus, assim como a montanha, indicam locais privilegiados para falar do orante que deseja Deus, são locais de oração.

Para atrairmos o Espírito Santo precisamos de oração. A oração atrai o Espírito Santo e o Ele conduz à oração. O Espírito Santo leva Jesus para o deserto, leva-o para a oração. É incompreensível que alguém possa considerar-se conduzido pelo Espírito se considera desnecessário rezar. O Espírito sempre leva a oração!

Quando estamos repletos do Espírito Santo, Ele nos conduz a oração e, conseqüentemente, a vida de oração.
Conduzido ao deserto, Jesus é tentado pelo diabo: “(…) Conduzido pelo Espírito, durante quarenta dias, e era tentado pelo Diabo”.

Quando nós nos decidimos pela oração, decidimos por encontrarmo-nos com Deus, e sermos homens e mulheres de oração. No entanto, sempre encontramos no meio do caminho o diabo, porque, ele é aquele que se opõe ao nosso encontro com Deus. Ele inventa e põe questionamentos na nossa cabeça para que nós não nos dediquemos a oração. Santa Teresa D’Ávila, doutora da Igreja, dizia uma coisa muito importante: “O homem e a mulher que vivem de oração já venceram o diabo”.

Se pudesse, subia no mais alto monte do mundo, a mais alta montanha e gritava aos homens: “Orem! Orem!” O inferno inteiro se mobiliza quando ele vê um homem ou uma mulher que se decide a ser um homem ou uma mulher de oração com o intento de demovê-lo dessa decisão, pois o inferno inteiro sabe que aquele que ora já está perdido para ele.

Mas, porque é tão difícil ter uma vida de oração? O mundo inteiro se levanta para que você não seja um homem ou uma mulher de oração. A oração é um combate, como o próprio Jesus conduzido pelo Espírito foi para o deserto e o demônio se colocou lá para combater contra ele. Por isso, a oração é um combate, mas pelo poder do Espírito somos mais do que vencedores. O demônio vai combater nos pontos mais frágeis do homem que deseja rezar, com raciocínios, idéias e justificativas.
O demônio tentou Jesus por meio de Palavras do próprio Deus. Ele utilizou palavras das próprias Escrituras e as deformou. Ele usa a Palavra de Deus, mas não da forma como Deus quer, as usa de uma maneira deformada: “Se tu és o Filho de Deus, ordena que está pedra se transforme em pão. Jesus lhe respondeu: ‘está escrito, não só de pão viverá o homem’”. Na última tentação ele diz: “Se és filho de Deus, joga-te daqui para baixo; pois está escrito: Ele dará a teu respeito ordem a seus anjos de te guardarem, e ainda: eles te carregarão nas mãos para que não contundas o pé em alguma pedra. Jesus lhe respondeu: ‘está escrito: não porás à prova o Senhor teu Deus’”. Desde a primeira tentação, o demônio usa e deforma a própria palavra de Deus e, muitas vezes, é o que vai acontecer na nossa vida.

Nós devemos enfrentar a tentação orando mais intensamente e usando o poder da própria Palavra de Deus aplicada no seu sentido correto, como o próprio Jesus o fez com o maligno. Assim nós venceremos a tentação.

A oração é um caminho de alto conhecimento. Jesus, no deserto, vai mostrar os grandes pecados que afligem a vida do homem: o poder, o possuir e o prazer. A oração vai nos mostrar o que está desconforme na nossa vida e nos dará a força de vencer, por isso, também muitos de nós fugimos da oração.

Quanto mais nós oramos, mais permitimos que a luz de Deus brilhe sobre nós. A luz de Deus, brilhando sobre nós, faz aparecer as nossas manchas; nossas feridas; nossos pecados. Não suportamos, muitas vezes, olhar para esta realidade e preferimos não rezar. Preferimos não orar para não nos conhecermos e, desta forma, para não deixar Deus mexer em nossa vida.

Mas quando deixamos Deus mexer até aonde não queremos que Ele mexa, Ele nos transforma e nos santifica. Sem oração pensamos que está tudo bem, mas, na realidade, está tudo mal.
Santa Teresa, que é mestra na vida de oração, diz assim: “Se você pegar um copo de vidro, chegar num rio e enchê-lo com a água, se este for um lugar que não tenha a luz, ao olhar para água do copo poderá dizer: “Esta água está boa, ela está limpa”. Mas, se você pegar esse mesmo copo e colocá-lo diante da luz do sol, vai perceber que aquela água está cheia de impurezas.

Se Tereza vivesse no nosso tempo, diria: “Se você pegar esta água e colocá-la na luz de um microscópio, vai assustar-se ao ver quantas impurezas tem esta água”. Assim é nossa vida que, longe de oração, é como aquela água: nas trevas parece estar limpa, mas quando bebe vai se gerando vermes que destroem todo o nosso ser. Quando, pela oração, colocamos nossa vida à luz de Deus vamos percebendo as impurezas da nossa vida e assim teremos condições de sermos sadios e felizes. A oração nos leva também por esse caminho, santo e único caminho de auto conhecimento e de transformação pela graça de Deus.

Tomemos dois textos do Evangelho de Lucas que nos ensinam um pouco mais da vida de oração de Jesus:
Lucas 4, 42-44: “Quando clareou o dia, ele saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam; Depois, tendo-o encontrado, queriam retê-lo, para que não se afastasse deles. Mas ele lhes disse: ‘às outras cidades também é preciso eu anuncie a Boa Nova do Reinado de Deus, pois é para isso que eu fui enviado’. E ele pregava nas sinagogas da Judeia”.

Lucas 5, 15-16: “Falava-se de Jesus cada vez mais, e grandes multidões se reuniram para ouvi-lo e para se fazerem curar de suas doenças. E Ele se retirava aos lugares desertos e rezava”.
Essas duas passagens são significativas para nós. Jesus é aquele que ora e, por conseqüência, faz. Jesus não é aquele que não tinha tempo para a oração, mas a oração tinha a primazia em sua vida. A primeira coisa que Jesus fazia era ir para um lugar deserto, depois, Ele realizava sua missão. A segunda passagem mostra o povo afluindo para Jesus e as imensas atividades pastorais que Ele precisava realizar. Sua fama se estendendo por todas as regiões, as graves necessidades do povo doente e necessitado de libertação. Jesus curava e libertava, mas em um determinado momento despedia o povo, afim de retirar-se para orar.

Vemos duas coisas inversas nessas passagens: a primeira é Jesus orando e depois dedicando-se intensamente ao povo. Todos queriam que ele permanecesse mais, porém como ele orava, sabia qual era a vontade do Pai e não se deixava engolfar pelas atividades. Ele não era levado pelas circunstâncias, era levado e conduzido pelo Espírito de Deus. Porque orava, chegava a despedir o povo mesmo no meio de clamores. Não temos desculpas. Mesmo em meio às necessidade pastorais, é necessário reservar à oração uma primazia.

Exatamente por isso, temos motivo para orar. Não deve ser por causa das muitas responsabilidades que a oração deve ficar sem tempo.
Pobres daqueles sobre os quais você tem responsabilidade se não lhe sobra tempo para oração. Pobre dos integrantes das comunidades que tem como pastores-coordenadores, homens ou mulheres, que são tão dedicados a eles, mas não se dedicam a Deus. Não é Deus que está sendo glorificado. O próprio filho de Deus, cuja missão era salvação de toda a humanidade, antes de qualquer coisa orava e chegava a interromper, a despedir multidões para ir em busca do Pai, da presença do Pai.

Tomemos o texto de Lucas 6, 12-13:
“Naqueles dias, Jesus foi a montanha para orar e passou a noite orando a Deus, depois, quando amanheceu, chamou seus discípulos e escolheu doze deles, aos quais deu o nome de apóstolos”.
Devemos notar nesta passagem que a oração de Jesus foi intensa: “passou a noite”. Jesus nada fazia que não tivesse sido antes ruminando pela oração diante do Pai. Tudo o que ele fazia, passava antes pelo coração do Pai. Nós não podemos tomar as nossas decisões pessoais, pastorais e comunitárias sem repassá-las diante de Deus pela oração. Corremos o perigo de realizar a nossa obra, o nosso projeto e o nosso plano, esquecendo que o projeto é de Deus, a obra é de Deus, e porque é de Deus, temos que repassá-la em oração. A nossa vida é de Deus, a obra é de Deus, a comunidade é de Deus, o grupo é de Deus e, por isso, as decisões que nós tomamos, temos que toma-las segundo a sua orientação, ao invés de simplesmente confiarmos na nossa experiência, na nossa capacidade.

Lc 9, 28-33: “Ora, cerca de oito dias depois dessas palavras, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, o aspecto do seu rosto mudou a sua roupa se tornou de uma brancura fulgurante. E eis que dois homens conversavam com Ele; eram Moisés e Elias; aparecendo na glória, falavam da partida de Jesus que ia se realizar em Jerusalém. Pedro e os seus companheiros estavam acabrunhados de sono; mas, acordando, viram a glória de Jesus e os dois homens que com ele estavam. Ora, como estes se apartassem de Jesus, Pedro lhe disse: ‘Mestre, é bom que estejamos aqui; ergamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés, outra para Elias’. Ele não sabia o que dizia”.

Jesus foi para a montanha orar e, orando, foi transfigurado; a glória de Deus brilhou nele. Temos um grande erro na nossa vida de oração que, muitas vezes, faz desistirmos dela. Buscamos a vida de oração, simplesmente, como um meio para agradar nossas sensibilidades, quando nada sentimos às vezes nos frustramos e, não queremos mais rezar.

Devemos perseverar na oração, sentindo ou não sentindo, gostando ou não gostando, com gozo ou sem gozo, porque ainda que importante, isso não é o mais importante. O mais importante é a visita de Deus, que ocorre no nosso coração e na nossa alma quando oramos. Uma transfiguração invisível ocorre dentro de nós quando rezamos, vamos nos transfigurando em Cristo. Podemos até ter, se Ele quiser, grandes surpresas na sua vida de oração, onde os seus sentimentos também gozam dessa presença de Deus, mas isso não é o mais importante, é importante, mas não o mais. O mais importante é a obra que Deus deseja realizar em nós, com sentimento ou sem sentimento.

Quando rezamos nós somos curados e libertados, a glória de Deus se manifesta em nós. E nunca caiamos na tentação de sair da oração achando que nada aconteceu. Sempre que orarmos, em Espírito e em verdade, sairemos da oração um outro homem, uma outra mulher. Deus terá operado nas nossas vidas.

Lc 10,38-42:
“Estando eles a caminho, Jesus entrou em uma aldeia, e uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa. Tinha ela uma irmã chamada Maria, que, tendo se assentado aos pés do Senhor, escutava a sua Palavra. Marta se afobava num serviço complicado. Ela se aproximou e disse: ‘Senhor, não te importa que a minha irmã me tenha deixado sozinha a fazer todo o serviço? Dize-lhe, pois, que me ajude’. O Senhor lhe respondeu: ‘Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas. Uma só é necessária, foi Maria que escolheu a melhor parte: ela não lhe será tirada’.

Muitas pessoas colocam esse Evangelho como uma oposição entre a contemplação e a ação, não deve ser assim. Jesus critica Marta, mas sua crítica não era porque ela estava preocupada em servi-lo. Marta está agoniada e Maria está aos pés de Jesus. Marta usa a expressão “dize”, está mandando. Ela usa o imperativo: “dize a Maria que venha me ajudar”. Neste ponto, Jesus faz a crítica fundamental a Marta: “Marta, tu te inquietas com muitas coisas, uma só é necessária e Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada”. A crítica fundamental que Jesus faz a Marta não é porque ela trabalha, é porque dá a primazia ao trabalho. Maria, no entanto, entendeu que essa primazia é da oração.

Jesus mostra nessa passagem a primazia de estar com Deus para tudo fazer por Deus. Nós podemos fazer muitas coisas para Deus, isto é bom e agradável, mas se na nossa vida a primazia não for estar com Deus para depois fazer por ele. Quando nós não damos a nossa presença, o nosso ser, para Deus todo trabalho perde o sentido. Para o discípulo de Jesus a oração é uma primazia, ela vem à frente, e depois, consequentemente, vem o trabalho. É preciso realizar tudo em nome de Jesus, é necessário fazer coisas, se Marta não fizesse o almoço todos passariam fome, mas a primazia é receber o Mestre, é sentar-se aos seus pés e ouvir a sua voz, depois fazer o que ele manda. Esta é a primazia, não é fazer desesperadamente as coisas para ele e por ele sem nem saber o que ele quer.

Lc 11,1: mais uma vez vemos Jesus orando: “Um dia, ele estava num lugar em oração. Quando terminou, um dos discípulos lhe disse: ‘Senhor, ensina-nos a rezar, como João ensinou a seus discípulos’”.

O maior mestre de oração é o próprio Jesus. Quem deseja aprender a orar, deve fazer como os discípulos: voltar-se para Jesus e dizer-lhe: “Senhor, ensina-me a orar”. O mais magnífico, é que isto já é oração. Se dissermos: “eu não rezo porque não sei rezar”, façamos dessas palavras a nossa oração. Fiquemos o tempo que pudermos pedindo: “Senhor, ensina-me a orar”. Ele próprio ensinará a orar os que assim suplicarem. Jesus, pelo seu Espírito, nos ensina a orar. Rezando é que a gente aprende a rezar. Ler toda teologia mística sobre a oração pode até ajudar, mas não é suficiente. Se desejamos aprender a orar, busquemos Jesus e peçamos que Ele nos ensine, é assim que se aprende a orar.

Se encontrar-mos um grupo que não reza, devemos questionar qual a vida de oração de seu coordenador-pastor Porque quando este reza as pessoas se aproximam e pedem que lhes ensine a orar. Pedem porque podem ver Jesus orando nele. O cooedenador-pastor pode dizer para elas: “você quer aprender a rezar, então, diga: Jesus, ensina-me a rezar”.

Aqueles que estão ao seu redor de um homem ou uma mulher de oração, serão também atraídos por Jesus que reza nele ou nela. Verão a beleza da oração de Jesus e se sentirão atraídos, aprendendo a rezar.

Mas qual é o conteúdo da oração de Jesus? O conteúdo da oração de Jesus podemos encontrar em Lc 10, 21-22: “Nessa hora, Jesus exultou sob a ação do Espírito Santo e disse: ‘eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, por teres ocultado isso aos sábios e aos inteligentes e por tê-lo revelado aos pequeninos. Sim, Pai, foi assim que tu dispusestes em tua benevolência. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece quem é o Filho a não ser o Pai, nem quem é o Pai a não ser o Filho e aquele a quem o Filho aprouver revelá-lo”.

“Eu te louvo, Pai-Abba, porque sou teu filho e tu revelas isso aos corações que são simples e pequeninos”. Eis o primeiro conteúdo da oração de Jesus. O Espírito faz com que exulte de alegria no Pai. A oração de Jesus é sempre no Espírito. Chama-o Pai porque ele é o Filho, só os corações simples podem descobrir a beleza de ser Filho de Deus. A primeira dimensão do conteúdo da oração de Jesus é a alegria de ser filho de Deus, essa também deve ser a primeira dimensão do conteúdo da nossa oração.

A grande descoberta do Abba, do Deus que é Pai. Abba quer dizer “papaizinho” em hebraico. Somos chamados a exultar de alegria porque Deus é nosso Pai, porque seu amor nos envolveu, porque o seu amor existe em nós, Ele nos criou, nos salvou, nos redimiu por amor. Porque somos filhos, temos confiança no nosso Pai, a nossa vida está em suas mãos. Eu confio nele, porque mesmo passando no vale de trevas, não vou temer, porque Ele é meu Pai. Eu louvo em todas as circunstâncias, em toda situação. Abba, Pai. Eis o primeiro fundamento, a primeira essência da nossa oração. Olhar para Deus, como Pai, e dizer bendito. Só ora um coração pequenino que descobriu a Deus como Pai, essa é a primeira revelação da oração.

O Espírito Santo convence o nosso coração do amor e da paternidade de Deus, por isso nosso coração exulta de alegria e de confiança. Confio em ti, Aba, Meu Pai. A nossa oração se quer ser como a de Jesus, deve está envolvida pelo louvor e por esse amor a Deus Pai. Em todas as circunstâncias contemplamos a beleza infinita do que é ser Filho do Pai. Não estamos abandonados, não precisamos viver na desconfiança nem no medo. A nossa oração não pode nem deve ser desesperada, mas de confiança total e absoluta, de abandono nas mãos do Pai. Oração feliz por Ter Deus como Pai. Essa é a primeira dimensão do conteúdo da oração de Jesus.
Mas há uma outra dimensão na oração de Jesus que está em Lc 22, 42-42: “Pai se quiseres afastar de mim esta taça...No entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua! Então apareceu-lhe do céu um anjo que o fortificava”.

A primeira dimensão da oração de Jesus, que vimos acima, é a dimensão de júbilo: “ Eu sou filho, sou amado por ti, fui criado por ti, fui redimido pelo teu poder. Pai, eu sou feliz. Eu confio em ti, tudo tu me deste, sou teu, tudo o que eu tenho é teu, bendito, sou feliz porque sou filho”. A segunda dimensão, que deriva justamente da primeira, é a dimensão de oferta, de entrega de vida, de doar-se inteiramente ao Pai: “ Pai faça-se a tua vontade. Cumpra-se em mim a tua vontade. Faça-se em mim. Pai”.

De acordo com esta dimensão, devemos comprender que não oramos para mudar a vontade de Deus, mas para que Ele nos mude, nos adapte à sua vontade. Às vezes pensamos em rezar para mudar a vontade de Deus a nosso respeito, mas na realidade oramos para que nós mudemos, para que a graça de Deus nos mude e nos adapte à Sua vontade perfeita. Esta é a oração no Espírito, verdadeira fonte de vida e de felicidade: “Porque Deus é tão bom, porque Deus é meu Pai, eu confio tanto nele que a vontade dele é o melhor para minha vida, então, faça-se a tua vontade na minha vida, Pai, mesmo que essa vontade seja um cálice amargo, que tenha aparências de dor, mas por trás dela há amor, há vida, há felicidade. Então, faça-se em mim a tua vontade!

A oração não é para mudar Deus, mas para sermos transformados, para compreendermos a beleza da paternidade de Deus e termos uma confiança absoluta na sua santa vontade, seja ela qual for, mesmo quando ela se apresente como cruz, porque e só por meio dela virá a ressurreição.