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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cai a farsa - Mentiras em sites religiosos


 A MENTIRA
1) “E também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Marcos 16.18). “Tu és Pedro” (“petros”, palavra grega designativa de pequenos blocos rochosos, fragmentos de rocha, pedras pequenas, pedras de arremesso). “Sobre esta pedra (“petra”, rocha grande e firme). Logo, a Igreja seria firmada sobre a Rocha. Jesus é a “petra”, a Rocha sobre a qual Sua Igreja está edificada (Daniel 2.34; Efésios 2.20; Atos 4.11; Romanos 9.33; 1 Coríntios 10.4; 1 Pedro 2.4). Se a Igreja é o corpo de Cristo, Pedro não poderia ser o cabeça da Igreja. A cabeça desse corpo é o Senhor Jesus (Efésios 1.22-23; Colossenses 1.18).

ONDE SE ENCONTRA A MENTIRA
http://www2.uol.com.br/bibliaworld/igreja/responde/ecl001.htm
A VERDADE:
A tempestade de argumentos é uma técnica muito usual em um proceder proseletista ou quando se tem receio de que a resposta a uma questão possa tornar uma tese inválida. Assim, sobrecarrega-se o número de questões de forma que quem responda possa cometer algum equívoco ou esquecer de algum ponto, não concedendo a devida atenção a algum detalhe crucial que possa comprometer a dissertação.
Sendo assim, concentrar-me-ei na primeira questão, aquela de Petros e Petra. A argumentação protestante clássica é a diferença de sentido existente entre o nome próprio Petros e o substantivo petra. Parece até um “auto-reply”, uma resposta automática, repetida seguidamente.
Descendo ao âmago da questão, diz-se que “Petros” significa “pequena pedra” e “petra” quer dizer rocha. Podemos refutar isso de diversas maneiras. Uma delas é dar o próprio veredicto de falsidade ao argumento, posto que petra e petros no “grego koiné”, ou seja, o grego comum falado na época (primeiro século) eram sinônimos. O termo mais próprio para “pequena pedra” na época de Cristo seria “lithos”, que é usado na passagem em que Jesus é tentado a transformar as “pedras” em pão.
Secundariamente, admitindo-se que a afirmativa seja verdadeira, podemos ainda remontar ao aramaico. Sim, ao aramaico, pois como um bom estudioso do assunto deve saber, o evangelho de São Mateus tem a singularidade de ter sido escrito em aramaico. Além disso, a língua falada pelos judeus ao redor de Jesus (e pelo próprio) era o aramaico. Nesse caso, o sentido é claro e só há uma palavra. Kepha e kepha. Sabemos disso também porque São Paulo usa o termo adaptado ao grego “Cefas”.

E uma outra forma é a incoerência do texto ao analisarmos cuidadosamente a passagem atribuindo o sentido protestante. Adaptando-se, ficaria mais ou menos assim: “Bem aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne ou o sangue que revelaram isso a ti, mas o meu Pai, que está nos céus. Por isso eu te digo, Tu és uma “pequena Pedra”, mas sobre a grande rocha que sou eu edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus e tudo o que ligares o será e vice-versa”. Vamos lá, queridos. Façamos uma reflexão sobre a coesão de tal trecho. Simão é bem-aventurado. Por isso, Jesus edifica a Igreja sobre Si mesmo e dá as chaves a Pedro, que é Simão com o nome já alterado (sem qualquer razão muito plausível).
Por fim, a questão é óbvia. Todo ser humano é capaz de entender o texto usando de sua inteligência, sem “forçar” a interpretação, sem insultar a sabedoria humana que Deus nos deu.
Acredito que esteja claro que o Primado foi conferido pelo próprio Jesus a Pedro.
Quanto ao restante das questões, quando a Igreja proclama um dogma não faz alteração da Doutrina. Na verdade, Ela reconhece o que sempre existiu, mas que se compreendeu mais tardiamente.
Não precisamos que algo esteja na bíblia para que este algo seja validado ou não. Convém que não se esqueça de que a Bíblia é filha da Igreja, e não sua mãe, posto que foi a própria Igreja quem definiu seu cânon (até onde eu e os exegetas sabemos, não há desde a primeira página de Gênesis até a última de Apocalipse nenhuma definição de cânon bíblico). A Bíblia é sagrada porque a Igreja a declarou assim e a canonizou desta forma. E de fato, as milhares de denominações protestantes são criações de homens. Desde Lutero, Zwinglio, Calvino e afins, elas não param de se proliferar, sobre os nomes mais absurdos. Tem um tópico aqui, se não me engano, com os nomes bem criativos destas seitas.
O ‘nome’ “católico Apostólico Romano” não é um nome, é uma definição. Somos católicos porque nossa Igreja é universal (o primeiro uso desta definição foi dado no início do séc. II por Santo Inácio de Antioquia, se não me engano), ou seja, estende a salvação para todos por Cristo. É Apostólica porque sua liderança descende de forma direta dos apostólicos, de modo contínuo, ininterrupto. E diz-se romana, porque sua sede encontra-se em Roma, onde o Apostolo São Pedro, tendo sido bispo daquela Igreja, foi o primeiro chefe. Quanto à acusação à igreja de Roma, é um belo absurdo!
O Texto de Mateus é claro como a mais branca neve. Jesus fala diretamente a Pedro.. “tu és Pedro” , “eu te darei as chaves do Reino dos Céus”, “tudo que ligares”, “tudo que desligares”. De fato, não atribuir a Pedro o título de “pedra” é tornar turva a interpretação real deste texto. Isso sem contar que em Aramaico, língua que Jesus falava, o nome Pedro simplesmente não existe! Pedro era chamado de “pedra”. Em outras palavras, em Aramaico Pedro=Pedra, e o nome correspondente em aramaico é “Kepha” (no filme ‘A Paixão de Cristo’ se pode ver que é assim mesmo que Jesus e os outros chamam Pedro). Somente no grego esta diferença entre Pedro e Pedra passou a existir, e no Latim, e assim por diante.

 Cônego José Luiz Villac 





Os protestantes acham que o Batismo das crianças não tem validade por serem crianças e por não ser Batismo por imersão. Como refutá-los?
-- Por que hoje em dia não se batiza mais por imersão, como São João batizava e como Cristo foi batizado?
Resposta: No que se refere à validade do Batismo das crianças, já respondemos a essa questão na última edição de Catolicismo.
Quanto ao Batismo ministrado por São João Batista, ao qual também se submeteu Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda não era o Sacramento do Batismo, tal como o conhecemos hoje, e que foi instituído pelo mesmo Nosso Senhor algum tempo depois de ter sido batizado por São João.
O Batismo de João era um rito penitencial, preparatório e prefigurativo do verdadeiro Batismo. O próprio Batista é explícito quanto a esse ponto: "Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas Aquele que virá depois de mim .... vos batizará no Espírito Santo e em fogo" (São Mateus 3,11; São Marcos 1,8; São Lucas 3,16).
E os Apóstolos, depois de Pentecostes, batizavam todos os convertidos, sem perguntar se já haviam recebido o Batismo de João (Atos 2,38), o que não fariam se fosse o mesmo Batismo.
Seja como for, embora se possa deduzir que o Batismo de João tivesse sido por imersão, este fato não torna obrigatório que fosse realizado sempre dessa maneira o Batismo instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Tampouco está afirmado no Novo Testamento que os Apóstolos e os discípulos batizavam sempre por imersão.
Pelo que, se alguém quiser encontrar esse dado na Bíblia (como pretendem tê-lo feito os protestantes), de fato, em vão o procurará.
Já é mais difícil admitir que as três mil pessoas batizadas pelos Apóstolos no dia de Pentecostes (Atos 2,41), o tenham sido todas por imersão, parecendo mais plausível a administração do Sacramento mediante aspersão.
É ainda menos provável, dadas as circunstâncias de tempo e lugar, ter sido por imersão o Batismo noturno conferido por São Paulo, na prisão, ao carcereiro da cidade de Filipos e a toda sua família (Atos 16,33), podendo supor-se que tenha sido, com maior probabilidade, por infusão. O próprio Batismo de São Paulo por Ananias, na casa de um certo Judas (Atos 9,18; 22,16), é difícil imaginar que tenha sido por imersão.
Pelos testemunhos da Tradição (que os protestantes não aceitam, e com isso ficam muitas vezes sem saída), sabe-se que os três modos -- por infusão, imersão ou aspersão -- eram empregados na Igreja primitiva, de acordo com as circunstâncias.
Vejamos o que a tal respeito diz a Didaqué, também conhecida como Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos aos gentios ou, simplesmente, Doutrina dos Apóstolos. É um escrito que data de fins do século 1º de nossa era; portanto, bem próximo aos livros do Novo Testamento. Trata-se do mais antigo manual de religião ou catecismo da comunidade cristã primeva de que se tem conhecimento.
Ali se ensina a respeito do modo de batizar: "Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas [isto é, de instruídos os catecúmenos na doutrina cristã], batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se não se tem água corrente, batize em qualquer outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Na falta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça [do neófito], em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". (Didaqué, VII -- Tradução, introdução e notas: Pe. Ivo Storniolo-Euclides Martins Balancin, Ed. Paulus, São Paulo, 1989, p. 19).
Como se vê, já no século 1º -- ou seja, quando ainda viviam muitos dos discípulos dos Apóstolos -- praticava-se o Batismo também por infusão, isto é, derramando água sobre a cabeça do neófito.
É certo que o rito da imersão era comum na Antiguidade, conforme se pode constatar pelos documentos da época e pelos próprios batistérios, construídos precisamente para tal fim. Porém não era exclusivo, sendo praticados também os outros ritos.
Aos poucos, na Igreja latina, o Batismo por infusão foi-se generalizando, por razões diversas, entre as quais a decência, pois a prática da imersão estava sujeita a abusos, sobretudo em relação às mulheres. Outra razão era a dignidade do próprio Sacramento, pois nem sempre era possível praticar a imersão sem os inconvenientes do prosaísmo inerente a ela (basta ver o caso de certas seitas protestantes que batizam em rios, lagoas ou mesmo piscinas).
No Oriente, entre os católicos, o Batismo por imersão continuou a prevalecer até nossos dias.
Quanto à aspersão, embora em teoria seja válido o Batismo assim conferido, e conste que tenha sido empregada, nunca chegou a ser uma prática generalizada na Igreja. Isto pelo risco de que a água lançada com as mãos, com o hissopo ou com ramos não atinja o corpo das pessoas e escorra por ele, mas apenas lhes molhe as roupas, o que tornaria inválido o Sacramento.
Pois, como explicamos em número anterior desta revista, o rito do Batismo consiste numa ablução externa do corpo com água, sob a invocação expressa das pessoas da Santíssima Trindade. A palavra ablução significa o ato de lavar. Assim, o Batismo, simbolicamente, lava a pessoa, limpa-a, purifica-a.
Portanto, o essencial é que a água realmente toque o corpo da pessoa e escorra por ele, como acontece quando alguém é lavado. E isto se obtém por qualquer dos três modos praticados: infusão, imersão ou aspersão, embora esta tenha os inconvenientes acima apontados.
Em outras palavras, o Batismo por infusão já era conhecido e praticado desde os primeiros séculos, sendo feito desse modo, conforme as necessidades das circunstâncias, o que sucedia com bastante freqüência. Pois como se podia imergir inteiramente na água um pobre homem doente, quiçá prestes a morrer? De que maneira um mártir, mantido em uma estreita prisão, teria podido achar água suficiente para imergir seus guardas, ou seu carcereiro, que se convertiam ao ver seus milagres ou ao contemplar sua capacidade de sofrer e valor?...
Em conclusão: a Bíblia geralmente não descreve o modo como batizavam os Apóstolos e os discípulos. E também não diz que o modo era sempre o mesmo. Podem fazer-se apenas conjecturas a partir do texto sagrado; porém, não é válido qualquer coisa com toda a certeza, a respeito do assunto. Pelo testemunho da Tradição, sabe-se que na Igreja primitiva, conforme o ensinamento dos Apóstolos, usavam-se as três formas acima referidas (infusão, imersão e aspersão).
Assim, carece de fundamento a objeção de certos protestantes (como os Batistas), que negam validade ao Batismo que não seja por imersão.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O Verbo era Deus - Erro das Testemunhas de Jeová


Já aconteceu comigo algumas vezes: membros do grupo Testemunhas de Jeová batem à minha porta para pregar A Sentinela e ler passagens da sua pastiche¹ da Bíblia - e, dentre tantas passagens modificadas deliberadamente, a que mais chama atenção é, sem dúvida, João 1,1. Por esta razão, segue uma análise didática sobre a tradução deste trecho a fins de demonstração. 

Neste artigo, discutiremos a tradução de João 1,1 em contrapartida com a tradução/explicação da denominação soi-disant cristã Testemunhas de Jeová. A partir do grego, demonstraremos ao leitor, passo a passo, a maneira correta de traduzir esta passagem bíblica. A maioria das bíblias [traduções católicas e protestantes] traz:

“No princípio era o Verbo
E o verbo estava com Deus
E o verbo era Deus

João 1,1 é uma das muitas passagens da Bíblia que afirmam a divindade de Jesus Cristo, razão pela qual é foco de interesse das doutrinas que tentam negar esta verdade – e as Testemunhas de Jeová assim negam; são notadamente conhecidas por serem uma das seitas que defendem que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Arcanjo Miguel ². Como esta última heresia nos exigiria para muito além de traduções e interpretações, mas representa propriamente o que São João escreveu na segunda epístola, versículo 7, nos restringiremos apenas ao que anunciamos no primeiro parágrafo.
Testemunhas de Jeová

As Testemunhas de Jeová utilizam a chamada Tradução do Novo Mundo para a Bíblia, que supostamente teria sido feita a partir dos originais hebraico, aramaico e grego, mas que acabou condenada por todos os estudiosos das línguas citadas. Charles Russell, responsável pela corrupção do texto, conseguiu a façanha de ser levado a julgamento e não conseguir identificar as letras do alfabeto grego, como consta no processo. Na Tradução do Novo Mundo lê-se, onde destacamos em negrito anteriormente:

“E o Verbo era [um] Deus”

A palavra “um” é inserida antes de Deus, de modo que o Verbo Encarnado [João 1,14] não era o próprio Deus, mas “um” Deus. Ora, vejamos que artimanha a seita utiliza como explicação para isto, de acordo com os originais gregos. [As palavras em grego serão transcritas aqui em caracteres latinos, sem os “acentos”, para facilitar o entendimento]
Em Grego, João 1,1:

“En arche en o logos
Kai o logos em pros tos Theon
Kai o logos en Theos”

Em negrito, temos a passagem em Grego que nos interessa neste momento, e que foi traduzida pelas Testemunhas de Jeová como “E o verbo era [um] Deus”. Vejamos:

Em grego, não existe artigo indefinido [um, uma]. Quando a palavra não apresenta o artigo [definido], e quando o contexto e as regras exigem, a tradução acrescenta o artigo indefinido na frente. Veja o exemplo nas frases abaixo:
“Ego eimi e phone”
[Presença do artigo em negrito: “Eu sou a voz”]
“Ego eimi phone”
[Ausência de artigo: “Eu sou uma voz”]

Desse modo, a Tradução do Novo Mundo nos dá a explicação que, de acordo com esta regra gramatical grega, o correto seria acrescentar o artigo indefinido “um” antes de Deus na passagem “Kai o logos en Theos”, uma vez que antes de “Theos” não viria o artigo definido – e que da mesma forma como ocorre em outras passagens do Novo Testamento, em que os diversos tradutores utilizam esta regra, da mesma forma em João 1,1 esta regra pode ser aplicada. Mas será que isso é verdade? Vejamos:
“Kai o logos en Theos”

Em grego, quando o sujeito e o predicativo do sujeito são constituídos por substantivos, deve-se observar a regra de que o sujeito [Logos/Verbo] é acompanhado de artigo definido, enquanto o predicativo do sujeito [Theos/Deus] não é. Desta forma, Theos não deve vir com o artigo. Na língua grega, a posição dos termos de uma oração varia, e não necessariamente determinará a função gramatical da palavra, uma vez que as funções gramaticais são identificadas pelos chamados “casos” - onde uma mesma palavra terá sua grafia modificada de acordo com a função que desempenha na oração. Este exemplo pode também ser visto em João 1,1: “pros tos Theon” e “logos en Theos”, onde os leigos em latim, alemão, grego ou afins, podem observar como isso funciona. Tomemos a seguinte frase:
Kai Theos en o logos”

Esta frase, embora traga “Theos” na frente, significa a mesma coisa que “Kai o logos en Theos”. A primeira vista, poderíamos traduzi-la por “E Deus era o Verbo”, mas isto não estaria correto. Muitas frases em grego trazem diferentes “arrumações” de seus termos [assim como em latim], e, no entanto, na hora de traduzir para uma língua, como para o português, teríamos o mesmo significado. “Kai Theos en o logos”, então, significa “E o Verbo era Deus”. No caso de “Kai o logos en Theos” ou “Kai Theos en o Logos”, o que nos permite saber “quem era o quê” é justamente a presença do artigo [neste caso, “o”] antes do sujeito. Há ainda outra possibilidade de escrever esta mesma frase, em grego, sem que nenhum dos termos venha precedido de artigo. No caso das frases nominais cujo sujeito e predicativo do sujeito sejam substantivos, e nenhum deles esteja acompanhado de artigo, o predicativo do sujeito deve vir em primeiro lugar na frase:
“Kai Theos en logos”

Igualmente, temos o significado de que “O verbo era Deus”. Poderíamos ainda escrever:

“Kai Theos Logos.”

Nesta última, não temos o artigo e não temos também o verbo [“en”] de ligação explícito. O significado, no entanto, se mantém: “O verbo era Deus”.

Dessa forma, fica bastante evidente que a tradução de João 1,1 imposta pelas Testemunhas de Jeová, e por extensão á toda a Bíblia, é imoral, inaceitável, criminosa. Não tem qualquer fundamento. Há exemplos de imoralidades como essa em praticamente todos os versículos da Tradução do Novo Mundo, mas a passagem escolhida aqui é a mais gritante. Há inúmeras explicações disponíveis sobre esta passagem, e na verdade muito melhores do que esta, porém a elaborei pensando que poderiam servir aos leigos de nível 1, ao contrário das explicações que encontrei, que ou serviam aos leigos de nível 2 ou 3 ( regras gramaticais gregas pouco mastigadas) ou eram feitas por pessoas que apenas tinham compilado informações. Há explicações excelentes nos livros (algumas pessoas se deram a esse trabalho, ainda bem). Deduzimos ainda que:

- Se João desejasse escrever que o Verbo não era Deus [se ignorarmos todo o resto da bíblia que afirma que o Verbo era] e quisesse, como alegam as Testemunhas, atribuir ao Verbo uma qualidade divina, ele teria usado o adjetivo Theios.

- Afirmar que existe mais de um Deus é politeísmo.
Uma objeção: Russel morreu em 1916. A Tradução do Novo Mundo foi feita na década de 1950. O que ele tem haver com a corrupção do texto?
De fato Russel morreu em 1916, e embora a "conclusão" da chamada Tradução do Novo mundo [coloco entre aspas, já que a essa altura sabemos que não houve tradução alguma] tenha sido anunciada oficialmente por volta de 1950, é sabido que Charles Russel, com o intuito de propagar as suas próprias ídéias sobre a Sagrada Escritura (e reinvidicando conhecimento da língua grega), pregava para os membros das Testemunhas de Jeová, tanto em cultos, como em publicações (a antiga revista Torre de Vigia e versões "corrigidas" dos evangelhos), essas novas versões. De que forma ele fazia isso? Ora, de má fé e mentindo, dizia ele que todas as traduções existentes até então eram obras falsas do verdadeiro conteúdo dos evangelhos,de maneira que ele próprio tendo profundo conhecimento da língua grega era capaz de corrigir para seus fiéis - e finalmente lhes oferecer o sentido correto daquelas passagens. Isto significa, por exemplo, que quando São João Evangelista fala da "glória do Filho unigênito", este deturpador dizia que não era do Filho unigênito, mas "a glória COMO SE FOSSE DE um filho unigênito".
A atitute de Russel chamou tanta atenção que até mesmo um reverendo da Igreja Batista do Canadá, se eu não me engano, publicou uma espécie de informativo intitulado "Algumas verdades sobre o Pastor Charles Russel", onde dizia que Russel não tinha qualquer conhecimento da língua grega, e que por isso não podia falar o que dizia.
Decorre desse fato o que mencionei mais acima, uma vez que Russel, indignado com a publicação, processou o reverendo por calúnia. No tribunal, quem acabou condenado foi ele, que não foi capaz de identificar o alfabeto grego.
Como mentor das principais heresias das TJ, Russel é, de fato, o responsável pela Tradução do Novo Mundo e pela deturpação do texto, uma vez que tudo o que fora modificado ali, o foi unicamente para atender às deturpações de seus ensinamentos: tudo aquilo que, em vida, ele afirmava.
Ora, por mais razões ainda é lícito chamá-lo de responsável pela injúria:
Primeiro: porque não houve qualquer tradução; é simplesmente absurdo localizar no espaço e no tempo, como você fez no comentário, uma coisa que nem sequer existiu. A chamada Tradução do Novo Mundo é uma mentira, uma alucinação, nunca aconteceu.
Segundo: o comitê inexistente da tradução inexistente não divulgou nomes dos responsáveis pela tradução. Isso é redundante, uma vez que não se pode divulgar nomes de fantasmas, mas acrescentemos a isso o fato de que ´nenhum dos membros poderia ser levado novamente a Julgamento (como tantos outros, como F.W. Franz, suposto especialista em hebraico, foi levado), mesmo que aceitassem mentir, colocando seus nomes lá, como especialistas. Tudo o que foi feito se resume à uma paráfrase patética, com todo tipo de absurdo, para se adequar às heresias da Seita, junto com algumas explicações risíveis sobre o Grego Antigo - explicações que deixam qualquer estudioso de grego, do nível mais elementar, indignado.
Espero ter esclarecido a dúvida sobre o verdadeiro responsável pelo pastiche da Bíblia publicada pela seita Testemunhas de Jeová.
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Notas
¹ Em literatura, "Pastiche" é uma obra que imita de maneira grosseira o estilo de outra; baseado numa obra já existente, o Pastiche difere na paródia no sentido em que o seu resultado final não beira ao plágio, mas produz um sentido original.
² Afirmar que Jesus Cristo é o Arcanjo Miguel é completamente absurdo; como todas as passagens da Bíblia negam isso, sugerimos ao leitor que abra aleatoriamente a Bíblia em qualquer página e veja por si mesmo.
(*) Luciana Lachance é estudante de letras da UFBA e autora do blog As Chamas do Lar Católico.